segunda-feira, maio 15, 2006

squizo



A noite vai desabando sobre mim.
Debussy toca baixinho na Antena 2.
Olho para a escrita. A solidão é aquela muralha negra com que esbarramos quando queremos respostas, que ela própria elabora.
Somos alpinistas sem equipamento quando queremos transpor os nossos Everests solitários- cada um tem o seu, mais ou menos íngreme.
Somos só nós e a solidão... ou somos apenas nós? Se ela se nos afigura como algo a transpor, logo constitui um ente exterior a nós... mas se é produzida por nós, como se transpõe algo que nos é intimo... o texto está a ir por caminhos esquizóides. A plasticidade do espírito propôe-me um desfecho diferente.

Debussy acabou e do quase silêncio emergente ouvi passos apressados no corredor exterior (?). Dois toques breves. Abri- eram Batman, Robin, Calvin e a Wonder Woman. Perguntaram em unísono um " Então? ", perfeitamente dobrado pela produção que os acompanhava. Tinha-me atrasado. Peguei de rompante na capa que estava no bengaleiro e lá fomos todos no Batmobile a grande velocidade, directo a um crime imaginado plo gajo do script.
Cá atrás iamos encafuados eu, a Super Mulher e o puto, a quem perguntei pelo Hobbes- parece que a mãe o tinha posto na máquina de lavar- numa última tira, tinha caído num lamaçal e estava a secar. No aperto do veículo (claro que não é um utilitário) e da condução espectacular do Batman, Wonder Woman confessava: " I'm feellin lonelly, latelly, you know...". Respondi, "Ok, stay tight...".
Também eles, pensei.

2 comentários:

nobreka disse...

Poderosa criatividade. Está muito engraçado este texto. Parabéns. Um beijo

nobreka disse...
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