
David Mach
Elementos de Particularidades em imagens, citações, insights, composições, pinturas... e o que demais virá
Temos percursos paralelos e trajectos que se cruzam, emaranhando-se por vezes. A individualidade é teimosamente mantida, mesmo após os conceitos de tribo esbatidos e gastos. Basta o azedume como referência reinante para que a falta de disponibilidade deixe de ser ocasional e o cinismo impere, refogando os queixumes e as quimeras do cidadão remoto que até é nosso vizinho. Identificamo-lo ocasionalmente. Afinal dividimos a mesma sargeta, somos mordidos por desejos e carências que nos toldam o descernimento, transportamos o mesmo catálogo de vicios que nos chicoteiam a mente e as perspectivas. Só que se tem de individualizar os fragmentos que escorrem no paralelismo habitual... feito " never ending" maratona , em que nos tocamos, ouvimos, tropeçamos, mas que, por ser imperioso teremos que liderar de qualquer forma. Darwin dixit??
Repetidos, os rituais cadenciam-se. Sempre iguais, vão amarelecendo como páginas de um missal enunciador de lenga-lengas que se decoram sob claustros espelhados, que reflectem novamente... o mesmo. E isso transmite segurança... por sabermos o desfecho do filme- como que alcançamos a imortalidade e a bem aventurança... a euforia, o zen...?
As alterações da consciência, sejam elas feitas de que maneira forem, proporcionam aquele efeito de puxar de tapete momentãneo. Esmagamos as feições de encontro almofadas que alegre e avisadamente amontoamos ao redor das nossas existências. Mas raramente há sangue saindo do canto da boca ou dos ouvidos.
O olhar continua vítreo. Para que se torne expressivo, só mesmo com nova alteração de consciência, ou provocada pela sazonalidade ou por uma mesmice anfetamínica, refinadamente hi-tek, a raiar a erosão que o legado depressivo produziu, por causa das quedas de encontro ás esponjas das circunstâncias.
vai emergindo de uma greta na lápide do ontem
as águas do devir jorram na torrenteza do passado
por baixo das pontes que encimam a pujança do tempo
as névoas do meu futuro sublimaram-se e ficaram
empedernidas na teia da borucracia vibrante
qual caruncho alimentando-se da estrutura metálica do passível
os seres desfilam de lábio pendente e olhar estrábico
encaminhados por uma retórica crua e incolor
a caminho da ponte do esquecimento que vai dar a margem alguma
que julga estar sempre na posse da verdade demonstra uma ignorância suprema, além de uma arrogância intolerável. (...)mas pensar que já sabemos tudo, que a única missão dos que nos rodeiam é escutar-nos, denota uma miopia que nem o laser seria capaz de corrigir"
Maria Jesus Álaya Reyes