Elementos de Particularidades em imagens, citações, insights, composições, pinturas... e o que demais virá
sábado, dezembro 30, 2006
sábado, dezembro 23, 2006
sexta-feira, novembro 17, 2006
Somos nós que temos de mudar
E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. (...)
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!
Eduardo Prado Coelho in Público
quinta-feira, novembro 02, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
quinta-feira, outubro 19, 2006
segunda-feira, outubro 16, 2006
quarta-feira, outubro 11, 2006
sábado, outubro 07, 2006
NA MORTE DE MARILYN
Morreu a mais bela mulher do mundo
tão bela que não só era assim bela
como mais que chamar-lhe marilyn
devíamos mas era reservar apenas para ela
o seco sóbrio simples nome de mulher
em vez de marilyn dizer mulher
Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos
uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha
ou suspeitou que tinha errado a vida
ela de quem a vida a bem dizer não era digna
e que exibia vida mesmo quando a suprimia
Não havia no mundo uma mulher mais bela mas
essa mulher um dia dispôs do direito
ao uso e ao abuso de ser bela
e decidiu de vez não mais o ser
nem doravante ser sequer mulher(...)
Ruy Belo, Todos os Poemas, vol. II, Assírio & Alvim, 2004, pp. 85-86.
quinta-feira, outubro 05, 2006
A solidão é o preço que temos de pagar por termos
nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade,
de independência e do nosso próprio egoísmo
Natsume, Soseki
terça-feira, outubro 03, 2006
sábado, setembro 30, 2006
sábado, setembro 23, 2006
sexta-feira, setembro 22, 2006
quinta-feira, setembro 21, 2006
quarta-feira, agosto 30, 2006
Sempre
no lugar sem nome que sempre desejei e onde nunca estive...
ou tive...
já que só tive o que não possuí...
possesso de algo que se diluiu...
como um dado que tem seis pintas e doze faces...
e rola no pano verde do infinito...
feito areia liquida... que chove... na penumbra do aqui e agora sempre adiado...
inevitávelmente ali e depois... sempre acabado...
vultos
acenam-me á passagem pelo palco da legitimidade...
atropelam-se em estretores epilépticos... e berram...
dizem que a carneirada confinada ao redil eleitoral (ou não)
lhes proporcionou o legitimo ostentar do esgar condicente
com o prometido em "campanhas" idas, legitimadas
por legislação avulsa... dizem-se constitucionalmente
donos do valor que aparentam... ainda que as promessas
de outrora se pulverizem e consubstanciem pasmo, descrédito,
ódio, magoa... apodrecemos entre os dejectos totalitários das
associações, dos interesses mesquinhos
de quem tem lugar cativo algures...
domingo, agosto 27, 2006
inveja
A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo.
Para ser popular é indispensável ser-se medíocre.
Oscar Wilde
preciosidades
"Definitivo, como tudo o que é simples: a nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram"
Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, agosto 23, 2006
quando
domingo, agosto 20, 2006
axioma
matar, quem o concedeu à sociedade ?
Sénancour , Étienne
quinta-feira, agosto 10, 2006
se
sábado, agosto 05, 2006
Welles , Orson
Uma probabilidade razoável é a única certeza
Howe , Samuel
quinta-feira, julho 27, 2006
. . .
quarta-feira, julho 26, 2006
" Porque choram os teus olhos, diz
Porque tens medo do mar
Porque vives de ilusão e é fria a tua mão
E dizes sempre não
O que foi que o mar levou de ti
Com que ondas te enganou
Que esperança te roubou
Angústia te rasgou
Maria lua, dançando nua
No chão da rua
Maria, Maria vida fria
Maria mar, Maria amor, Maria paz
Maria tanto faz
Porque choram os teus olhos, diz
Porque tens medo do mar
Por um barco que não vem
Tua cama foi de cem
Teu corpo de ninguém
Em teu rosto de criança estão
Dois cardos de solidão
Na tua carne de mulher
As noites de quem quer
Maria lua, dançando nua
No chão da rua (...)"
José Nisa
denominadores comuns
quinta-feira, junho 01, 2006
A família
quarta-feira, maio 31, 2006
cedo
A cabeça doeu-me ainda mais quando o silvo da grua irrompeu mesmo por cima do sítio onde eu passava. Café sem açucar devia sortir efeito. De repente os estímulos sonoros começaram a acentuar-se, como se a cidade tivesse começado a funcionar naquele instante- de facto a sensibilidade á dor agudizava-se ao mais pequeno grito de gaivota...
Bebi o café rápidamente. As borras lá no fundo da chávena deviam significar algo... quando ía a sair dei um encontrão numa negra cúzuda, como só as negras são. Não deve ter dado pelas minhas desculpas, já que gritou que “cria meia de reite e um corassante com créme”. E a cabeça num inferno de dor...
Entrei no barco de ligação ao outro lado. Vinha repleto á chegada, mas á ida embarcaram comigo meia duzia de pessoas. Recostei-me no conforto temporário da cadeira que se pareceu acentuar pela ausência dos acotovelamentos da hora de ponta.
Fechando os olhos, deu para perceber melhor o zumbido nos ouvidos. O balanço do barco, que se preparava para abandonar o cais, foi me provocando uma dormência doce que acabou por me alhear do que me rodeava.
Vim a mim rodeado de gente- os viajantes de volta já lotavam o barco na sua totalidade. Os funcionários iam começar a deslocar o portaló, quando o pisei em direcção a terra firme, o que os levou a olharem-me com impaciência.
Olhei o sol de frente. Estava amarelo-pálido por causa da neblina provacada pelas chaminés das fábricas da cintura indústrial que se prolongava ao longo da margem.
Crianças de escola afluiam rápidamente com semblantes ensonados, no momento em que os homens da manutenção da estrada repintavam a passadeira que dava acesso á escola. Repintavam e praguejavam por causa de pegadas brancas que evoluiam para dentro, depois de alguém ter entornado a lata de tinta branca.
segunda-feira, maio 29, 2006
Passamos a vida a mentir, até, sobretudo, talvez apenas, àqueles que amamos. Com efeito, somente esses podem pôr em perigo os nossos prazeres e fazer-nos desejar a sua estima
Proust , Marcel
daí que
A origem da mentira está na imagem idealizada que temos de nós próprios e que desejamos impor aos outros
Nin , Anais
domingo, maio 28, 2006
Está calor
terça-feira, maio 23, 2006
A barba
cresce há três dias e de passagem reparo que o JD está a um polegar do fundo.
O metálico da porta do elevador soou quando se fechou atrás de mim.
A claridade picou-me a vista... ou teria sido a crise de vulgaridade por que passava provocada por falta de criatividade, vácuo mental?
Devia estar com um aspecto gainsbourguiano porque o sorriso luminoso da vizinha, desta vez amareleceu, com o "salut, ça va?" dito sem a convicção do costume.
Segundo as gordas dos jornais do quiosque, nada de significante. A "vida" continuava.
O café sem açucar escaldou-me o estômago. Devo ter dito algo que não me lembro, pois a bar maid olhou-me plo canto do olho.
Atestei. O POS estava off... "depois passo cá", disse.
Enfiei-me a custo no décimo nono itinerário complementar, que de complemento nada tem. A borregada, da qual eu me sentia o carneiro mor, lá ia, obedientemente perfilada e a queimar combustivel, furiosamente... parada.
No rádio, a euforia antecipada pela proximidade de mais um campeonato.
Reparei no cadáver do gato ao pé do separador... apodrecia ali há uns quatro ou cinco dias. Machado Vaz falava de arrebatamentos e folguedos amorosos.
Porra... as artimanhas a que recorremos para silenciar a consciência que teima em nos boicotar...
-Se choras por não ver o Sol, as tuas lágrimas impedir-te-ão de ver as estrelas-
Tagore
segunda-feira, maio 15, 2006
squizo
A noite vai desabando sobre mim.
Debussy toca baixinho na Antena 2.
Olho para a escrita. A solidão é aquela muralha negra com que esbarramos quando queremos respostas, que ela própria elabora.
Somos alpinistas sem equipamento quando queremos transpor os nossos Everests solitários- cada um tem o seu, mais ou menos íngreme.
Somos só nós e a solidão... ou somos apenas nós? Se ela se nos afigura como algo a transpor, logo constitui um ente exterior a nós... mas se é produzida por nós, como se transpõe algo que nos é intimo... o texto está a ir por caminhos esquizóides. A plasticidade do espírito propôe-me um desfecho diferente.
Debussy acabou e do quase silêncio emergente ouvi passos apressados no corredor exterior (?). Dois toques breves. Abri- eram Batman, Robin, Calvin e a Wonder Woman. Perguntaram em unísono um " Então? ", perfeitamente dobrado pela produção que os acompanhava. Tinha-me atrasado. Peguei de rompante na capa que estava no bengaleiro e lá fomos todos no Batmobile a grande velocidade, directo a um crime imaginado plo gajo do script.
Cá atrás iamos encafuados eu, a Super Mulher e o puto, a quem perguntei pelo Hobbes- parece que a mãe o tinha posto na máquina de lavar- numa última tira, tinha caído num lamaçal e estava a secar. No aperto do veículo (claro que não é um utilitário) e da condução espectacular do Batman, Wonder Woman confessava: " I'm feellin lonelly, latelly, you know...". Respondi, "Ok, stay tight...".
Também eles, pensei.
sexta-feira, maio 12, 2006
Ingenuidades
Temos percursos paralelos e trajectos que se cruzam, emaranhando-se por vezes. A individualidade é teimosamente mantida, mesmo após os conceitos de tribo esbatidos e gastos. Basta o azedume como referência reinante para que a falta de disponibilidade deixe de ser ocasional e o cinismo impere, refogando os queixumes e as quimeras do cidadão remoto que até é nosso vizinho. Identificamo-lo ocasionalmente. Afinal dividimos a mesma sargeta, somos mordidos por desejos e carências que nos toldam o descernimento, transportamos o mesmo catálogo de vicios que nos chicoteiam a mente e as perspectivas. Só que se tem de individualizar os fragmentos que escorrem no paralelismo habitual... feito " never ending" maratona , em que nos tocamos, ouvimos, tropeçamos, mas que, por ser imperioso teremos que liderar de qualquer forma. Darwin dixit??
quarta-feira, maio 10, 2006
Rituais
Repetidos, os rituais cadenciam-se. Sempre iguais, vão amarelecendo como páginas de um missal enunciador de lenga-lengas que se decoram sob claustros espelhados, que reflectem novamente... o mesmo. E isso transmite segurança... por sabermos o desfecho do filme- como que alcançamos a imortalidade e a bem aventurança... a euforia, o zen...?
As alterações da consciência, sejam elas feitas de que maneira forem, proporcionam aquele efeito de puxar de tapete momentãneo. Esmagamos as feições de encontro almofadas que alegre e avisadamente amontoamos ao redor das nossas existências. Mas raramente há sangue saindo do canto da boca ou dos ouvidos.
O olhar continua vítreo. Para que se torne expressivo, só mesmo com nova alteração de consciência, ou provocada pela sazonalidade ou por uma mesmice anfetamínica, refinadamente hi-tek, a raiar a erosão que o legado depressivo produziu, por causa das quedas de encontro ás esponjas das circunstâncias.
sexta-feira, abril 28, 2006
terça-feira, abril 04, 2006
o espinho
vai emergindo de uma greta na lápide do ontem
as águas do devir jorram na torrenteza do passado
por baixo das pontes que encimam a pujança do tempo
as névoas do meu futuro sublimaram-se e ficaram
empedernidas na teia da borucracia vibrante
qual caruncho alimentando-se da estrutura metálica do passível
os seres desfilam de lábio pendente e olhar estrábico
encaminhados por uma retórica crua e incolor
a caminho da ponte do esquecimento que vai dar a margem alguma
segunda-feira, abril 03, 2006
Sou descendente
Fui parido e criado cá na urbe, dando-se assim inicio ao corte da ambiência que vinha formatando a carga genética dos meus antepassados.
Lembro-me então que, pelo menos uma vez por ano, na altura das férias se regressava á aldeia beirã. Não sei de que parte da minha infância me chegam as primeiras recordações lá do sítio, mas as que tenho estão bem vivas ainda- gostos de maçâ reineta, cebola, aromas de bosta, terra acabada de lavrar, todo um manancial de sensações que marcaram as minhas primeiras incursões plos meandros campestres, cheias de curiosidade pelo desconhecido e pela novidade, já que cá na cidade era fechado a sete chaves, guardado das pretensas ciladas urbanas, não me fosse acontecer algo de extremo.
Surge então a imagem do meu avô no meio de todo o resto. Vem até mim numa moldura fora do contexto, como que enquadrada noutra realidade. Na minha pequenês da época, olhava-o cá de baixo com admiração- tinha mãos rudes e grandes, sendo que se baixava e me pegava ao colo, ficando eu á altura do seu sorriso e da sua calva enorme- olhava-me com um olhar cor de mel claro com um silêncio eloquente, que terminava quase sempre com um beijo na testa que eu me apressava a limpar.
Recordo com saudade infinita, as viagens a caminho de uma propriedade que ele cultivava, encavalitado na burra, extasiado com a altura e os balanços e a obsessão de não cair- "segura-te", dizia-me.
O avô era carpinteiro- fazia carros de bois, sendo o único artesão que se dedicava ao metier num raio de Kms. Foi um negócio próspero, na medida em que tinha o exclusivo de uma clientela numerosa... nunca lhe conheci ajudantes. Usava métodos de produção quasi rudimentares, mas o produto final era perfeito. Esculpia a madeira de sobro na perfeição sempre com ferramentas manuais. Quem me dera ter herdado o seu talento...
Guardo a sua memória com saudade, como um pôr do sol de outono cuja paisagem não se repetirá. Morreu há dezassete anos por esta altura. Presto-lhe homenagem assim... até um dia avô.
domingo, abril 02, 2006
"A Pessoa
que julga estar sempre na posse da verdade demonstra uma ignorância suprema, além de uma arrogância intolerável. (...)mas pensar que já sabemos tudo, que a única missão dos que nos rodeiam é escutar-nos, denota uma miopia que nem o laser seria capaz de corrigir"
Maria Jesus Álaya Reyes