Elementos de Particularidades em imagens, citações, insights, composições, pinturas... e o que demais virá
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Imagino-te,
baseado em fragmentos de memória, indicios factuais trémolos , instáveis e inconclusivos, que permanecem na antecâmara da perplexidade e de outras emoções flutuantes, tais como, saudade, espanto, culpa, desejo, ternura...
segunda-feira, dezembro 19, 2005
É saudavel
vacilarmos e duvidarmos de tudo aquilo que temos por adquirido desde que não nos deixemos paralizar pelo medo do desconhecido, que nao promove a mudança nem nos leva a parte nenhuma.
É verdade que para muitos de nós, pode ser mais cómodo ir andando pela vida, gastando o que ganhamos sem grandes averiguações ou reflexões. Pôr em causa atitudes, analisar sentimentos e comportamentos seria como que abrir uma caixa de Pandora, indesejável.
E depois há tambem quem, sentindo-se ameaçado, se agarre á sua verdade, ás tradições dos antepassados, a uma visão estática do mundo. Temos, de facto, tendência para nos fecharmos nos nossos conceitos e preconceitos, o que, aparentemente, nos faz sentir menos perdidos
Claudia Freitas (xis 05.12.17)
É verdade que para muitos de nós, pode ser mais cómodo ir andando pela vida, gastando o que ganhamos sem grandes averiguações ou reflexões. Pôr em causa atitudes, analisar sentimentos e comportamentos seria como que abrir uma caixa de Pandora, indesejável.
E depois há tambem quem, sentindo-se ameaçado, se agarre á sua verdade, ás tradições dos antepassados, a uma visão estática do mundo. Temos, de facto, tendência para nos fecharmos nos nossos conceitos e preconceitos, o que, aparentemente, nos faz sentir menos perdidos
Claudia Freitas (xis 05.12.17)
sábado, dezembro 17, 2005
A raiva é tanta
que se calhar escangalho o teclado ao postar isto.
Ontem, fechei a torneira do duche matinal e estendi a mão para a toalha, que não estava lá. De repente lembrei-me que a tinha deixado ficar ao lado da televisão, na noite anterior, sendo que, tiritando e salpicando, lá fui ao seu encontro. Enrolei-me nela e liguei a tv. Sequei-me, vesti-me. Batiam as sete e começava o jornal da manhã...
Ao mesmo tempo que vertia cereais p’rá tijela, deu para perceber a certa altura que um pai violara a filha, lá p’rós lados de Viseu. Tentei prestar atenção mas já se falava no Cavaco, Soares, TGV, Ota, etc.
Hoje, depois de almoço, deu para ler um artigo sobre o caso, com mais detalhe. Estarreci (outra vez).
A filha, que afinal era uma bebé, aquando de uma ida ao hospital, foram-lhe detectados sinais de má nutrição, falta de cuidados higiénicos e indicios de crueldade. Alertada uma tal comissão de protecção de menores, resolveu vigiar o caso e entregar a tutela da bebé á avó, já que a progenitora era debil mental.
Mas... a avó morava na mesma casa, pasme-se, sendo ela quem trabalhava para a família. Apenas ficava com a criança á noite.
A bebé foi sendo torturada sob a supervisão da protectora de menores, indo novamente ter ao hospital, só que desta vez... em coma, com lesões cerebrais QB, lesões óculares que indiciam possivel cegueira e abuso sexual... a um ser com menos de 50 (cinquenta) dias...
Bem, as teclas aguentaram, mas o JD não vai conseguir.
Que filha de putisse!!!
Ontem, fechei a torneira do duche matinal e estendi a mão para a toalha, que não estava lá. De repente lembrei-me que a tinha deixado ficar ao lado da televisão, na noite anterior, sendo que, tiritando e salpicando, lá fui ao seu encontro. Enrolei-me nela e liguei a tv. Sequei-me, vesti-me. Batiam as sete e começava o jornal da manhã...
Ao mesmo tempo que vertia cereais p’rá tijela, deu para perceber a certa altura que um pai violara a filha, lá p’rós lados de Viseu. Tentei prestar atenção mas já se falava no Cavaco, Soares, TGV, Ota, etc.
Hoje, depois de almoço, deu para ler um artigo sobre o caso, com mais detalhe. Estarreci (outra vez).
A filha, que afinal era uma bebé, aquando de uma ida ao hospital, foram-lhe detectados sinais de má nutrição, falta de cuidados higiénicos e indicios de crueldade. Alertada uma tal comissão de protecção de menores, resolveu vigiar o caso e entregar a tutela da bebé á avó, já que a progenitora era debil mental.
Mas... a avó morava na mesma casa, pasme-se, sendo ela quem trabalhava para a família. Apenas ficava com a criança á noite.
A bebé foi sendo torturada sob a supervisão da protectora de menores, indo novamente ter ao hospital, só que desta vez... em coma, com lesões cerebrais QB, lesões óculares que indiciam possivel cegueira e abuso sexual... a um ser com menos de 50 (cinquenta) dias...
Bem, as teclas aguentaram, mas o JD não vai conseguir.
Que filha de putisse!!!
sexta-feira, dezembro 16, 2005
Porque sim!
quarta-feira, dezembro 14, 2005
O ar
gélido rente ao musgo, dava tons azulados á paisagem que era quase manhã.
Há, no caos em que mergulhados estamos, alguma réstia de bom senso a seguir como referência libertadora? ou é ele uma frequência diferente do mesmo caos que afinal impera sobre tudo e todos, sendo o tal bom senso, nada mais que uma manifestação patológica a nivel de interpretação?...
Há, no caos em que mergulhados estamos, alguma réstia de bom senso a seguir como referência libertadora? ou é ele uma frequência diferente do mesmo caos que afinal impera sobre tudo e todos, sendo o tal bom senso, nada mais que uma manifestação patológica a nivel de interpretação?...
sábado, dezembro 10, 2005
A caixa
O imediato apressa
A urgência precipita
A dúvida permanece
Submergido em dilemas, enfrento perplexidades que se afiguram inéditas e rejuvenescidas
Manhâs há em que o céu permanece azul , para lá da poeira nocturna que ás vezes demora a assentar.
A uma cadência indeterminada, sorvo o ar que me é permitido, e que já escasseia.
Diziam que a memória é a referência que nos faz sobreviver...
Lá fora chove. Dentro, transbordo de reticências que escorrem para o charco esverdeado dos factos adquiridos, onde flutua a boceta de pandora, para onde eu ás vezes espreito... junto com segredos, mistérios, quimeras e estupores, adivinha quem está lá. Grotesco como todas as reticências, I only was the one to blame.
Desejo vida eterna aos meus inimigos e quero esvaziar a caixa, porque não há eternidade que a valha, por mais breve que seja
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Brrrr
O frio arrefece-me os membros e o mal estar acentua-se.
Bolas, será que a temperatura desceu assim tanto ou é a quimera aburguesada que me aviva a consciência, para que não abandone o meu relativo conforto?
Consequentemente penso em multidões de sem abrigo, que tremem silenciosamente com expressões vidradas de tanto tiritar.
Na rádio, os acordes de um saxofone transmitem-me relativização QB.
Imagino as vitimas dos terremotos no Paquistão. Decerto alguem sobreviveu sob os escombros. Seres vivos encurralados... com frio... há vários dias... até que o limiar da percepção, o limbo da consciência se vá esbatendo, se dilua, até que o azul tome conta de tudo, ou pelo menos que a unificação universal chegue (ao que parece, é negra- o negro é a negação da cor, ou é o branco?).
Esta imagem sismica lembra-me a comemoração que cá se faz.
E se de facto a periodicidade se verificar agora e o fenómeno telúrico acontecer?- deve estar aí mais década menos década, não?
Cá não faz tanto frio como no Paquistão- cá é mais Serra da Estrela... comparada com os Himalaias... brrrrrrr.
Bolas, será que a temperatura desceu assim tanto ou é a quimera aburguesada que me aviva a consciência, para que não abandone o meu relativo conforto?
Consequentemente penso em multidões de sem abrigo, que tremem silenciosamente com expressões vidradas de tanto tiritar.
Na rádio, os acordes de um saxofone transmitem-me relativização QB.
Imagino as vitimas dos terremotos no Paquistão. Decerto alguem sobreviveu sob os escombros. Seres vivos encurralados... com frio... há vários dias... até que o limiar da percepção, o limbo da consciência se vá esbatendo, se dilua, até que o azul tome conta de tudo, ou pelo menos que a unificação universal chegue (ao que parece, é negra- o negro é a negação da cor, ou é o branco?).
Esta imagem sismica lembra-me a comemoração que cá se faz.
E se de facto a periodicidade se verificar agora e o fenómeno telúrico acontecer?- deve estar aí mais década menos década, não?
Cá não faz tanto frio como no Paquistão- cá é mais Serra da Estrela... comparada com os Himalaias... brrrrrrr.
Telly
Pasmo a cada dia. A televisão é o centro de tudo.
O poder está no telecomando na nossa mão- na ponta do dedo que prime o canal que vai debitar tudo o que queremos saber, o que não queremos, o suspeito, o que não imaginávamos. Repare-se, é como que o ditame que nos vai fazer agir em conformidade...
É a televisão que nos poupa a esforços e nos invade a mente, como contrapartida. Cómodamente, aceitamos a “realidade” que nos é oferecida...
O poder está no telecomando na nossa mão- na ponta do dedo que prime o canal que vai debitar tudo o que queremos saber, o que não queremos, o suspeito, o que não imaginávamos. Repare-se, é como que o ditame que nos vai fazer agir em conformidade...
É a televisão que nos poupa a esforços e nos invade a mente, como contrapartida. Cómodamente, aceitamos a “realidade” que nos é oferecida...
quarta-feira, novembro 30, 2005
domingo, novembro 13, 2005
A quantidade
de oportunidades que são desperdiçadas, porque não usamos um pouco mais de força de vontade ou por muitas das vezes nos sentirmos alheados ás emergências ou então porque o negativismo impera...
sexta-feira, novembro 11, 2005
terça-feira, setembro 20, 2005
Atribui-se
ao português a caracteristica de ser invejoso, ao mesmo tempo que não é empreendedor, ie, tem medo de arriscar, ao mesmo tempo que olha de soslaio aqueles que petiscam.
De todas as características que são vulgares na natureza humana a inveja é a mais desgraçada; o invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que o pode fazer impunemente, como também se torna infeliz por causa da sua inveja. Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm. Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele é tão desejável como assegurar as mesmas vantagens para si próprio. Quem o diz é Bertrand Russel
Realmente assenta como uma luva tal discrição, se bem que fica patente não ser apanágio exclusivamente luso, claro.
"O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde."- Zeunir Ventura
De todas as características que são vulgares na natureza humana a inveja é a mais desgraçada; o invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que o pode fazer impunemente, como também se torna infeliz por causa da sua inveja. Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm. Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele é tão desejável como assegurar as mesmas vantagens para si próprio. Quem o diz é Bertrand Russel
Realmente assenta como uma luva tal discrição, se bem que fica patente não ser apanágio exclusivamente luso, claro.
"O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde."- Zeunir Ventura
Hide nseek
A transparência implica o desarme - mas raramente dois desarmam ao mesmo tempo. E seria um erro pensar que o facto de um se desarmar perante o outro faria que esse outro desarmasse também. Por vezes a situação de vulnerabilidade acicata no outro o desejo de vencer. E assim temos a grande linha de tragédia entre os homens: os estados de iminente transparência transformam-se num jogo de massacre, numa batalha campal.
Ed. Prado Coelho
Ed. Prado Coelho
terça-feira, setembro 13, 2005
Determinadas
verdades chegam até nós como ferrões incandescentes que penetram furiosamente a placidez da nossa crudelidade naif.
Quimicamente as nossas vivências estao condenadas a ser isso mesmo- estados quimicos que se interligam e desencadeiam alterações electricas que vão polarizar estados de... alma?
Quimicamente as nossas vivências estao condenadas a ser isso mesmo- estados quimicos que se interligam e desencadeiam alterações electricas que vão polarizar estados de... alma?
sexta-feira, setembro 09, 2005
Esta é uma daquelas alturas
em que tudo sucede concomitantemente (ganda palavrão), sendo que ás vezes falta energia e alento para abarcar tudo. Esfrangalhado é o termo que define o meu espirito...
domingo, julho 03, 2005
Verdades
Eis-me de novo a blogar... quando tiver mais tempo reformulo este depósito de pensamentos/ diário... por enquanto não consigo optimizar as particulas vivenciais. Há quanto tempo aqui não vinha...
E olhem:
A democracia tem como pressuposto radical o indivíduo e não a corporação, o grupo, a camada ou a classe social. A democracia é, na sua essência, a negação de qualquer organicismo social.
João Almeida Santos
pois... ?
E olhem:
A democracia tem como pressuposto radical o indivíduo e não a corporação, o grupo, a camada ou a classe social. A democracia é, na sua essência, a negação de qualquer organicismo social.
João Almeida Santos
pois... ?
domingo, abril 17, 2005
LONG TIME...
no blog... já não blogo há tempos quase imemoriais- causa-me uma certa "frisson" a vida que venho exercendo e o tipo de feeling necessário para que blogge em condições... de qualquer forma a vida continua a ser bela e a processar-se teimosamente na sua linearidade, por mais voltas que se lhe imprima, por mais variadas que sejam as estruturas psiquicas com que nos confrontamos no nosso dia a dia. Não desisto de ser feliz, agora, mais que nunca!!! já que está a começar o inicio do resto da minha vida; a Isabel Bravo dizia-me que "o mais interessante nas coisas é a antecipação..." como a entendo.
segunda-feira, abril 11, 2005
Adquirida...
Todos aqueles que não toleram, nem por momentos, pôr em dúvida a sua felicidade, talvez não a procurem.
As pessoas morrem quando nos decepcionam e, para nossa perplexidade, com elas morre sempre um bocadinho, mais ou menos indecifrável, dentro de nós
Eduardo Sá
As pessoas morrem quando nos decepcionam e, para nossa perplexidade, com elas morre sempre um bocadinho, mais ou menos indecifrável, dentro de nós
Eduardo Sá
quinta-feira, abril 07, 2005
Indiferença
O maior pecado para com os nossos semelhantes, não é odiá-los mas sim tratá-los com indiferença; é a essência da desumanidade
Bernard Shaw
Bernard Shaw
segunda-feira, abril 04, 2005
Aprender...
...é a coisa mais inteligente que se pode fazer. Ensinar é um acto generoso mas, quando se limita à transmissão, é bastante mais estúpido.
Miguel Esteves Cardoso
Miguel Esteves Cardoso
domingo, março 27, 2005
O Prazer de Viver
É o prazer de viver que dispersa, suprime a concentração, paralisa todo o impulso para a grandeza. Mas sem prazer de viver... Não, a solução não existe... A menos que seja uma solução fazer de um grande amor uma raiz e nele encontrar a fonte de vida sem o castigo da dispersão.
Albert Camus
Albert Camus
o Self
Se não há forma de escapar a um nível de pertença que, em última análise, nos define como pessoas e nos torna gente de corpo inteiro, alguns patamares de conformismo revelam submissões e resignações acríticas e temerosas, défices de auto-estima ou medos atávicos de não ser gostado ou ficar de fora, inseguranças terríveis sobre as próprias capacidades em caso de exclusão e mais um sem-número de infelicidades íntimas, contrárias a todos os valores que dizemos perfilhar.
Isabel Leal
Isabel Leal
quarta-feira, março 23, 2005
terça-feira, março 22, 2005
Desleixo...
...ou falta de tempo para proceder bloggisticamente.
Condicionantes inadiáveis ir-me-ão obrigar a fazer gazeta desta tertúlia. Horizontes mudarão radicalmente, e, consequentemente será necessário deixar assentar o pó cósmico...
Condicionantes inadiáveis ir-me-ão obrigar a fazer gazeta desta tertúlia. Horizontes mudarão radicalmente, e, consequentemente será necessário deixar assentar o pó cósmico...
quarta-feira, março 09, 2005
empurrão
mais uma página de vida que tende a sobrepor-se ás outras, fazendo um amontoado cáotico, para mim, mas ordenado para a providência, destino, provir, fado, predestinação... todas aquelas coisas ás quais temos a mania, o reflexo condicionado de antepôr significado e empunhar como dados adquiridos...
Masturbação
Uma mulher é, às vezes, uma alternativa satisfatória à masturbação. Claro que ela exige muito mais imaginação da nossa parte
karl kraus
karl kraus
quinta-feira, março 03, 2005
Destino sem medo
O homem que acha que os segredos do mundo são para sempre insondáveis vive no mistério e no medo. A superstição arrasta-o para o abismo. A chuva acabará por esfarelar os feitos da sua existência. Mas do homem que atribui a si mesmo a tarefa de isolar da trama do cosmos o fio da ordem podemos dizer que, com essa simples decisão, tomou as rédeas do mundo nas suas mãos e só dessa forma conseguirá ditar os termos do seu próprio destino.
Cormac McCarthy
Cormac McCarthy
terça-feira, março 01, 2005
mudança
O desejo de mudar de vida é tudo o que fica quando não toleramos que a vida nos transforme.
Estranhos não são as pessoas que não se conhecem: estranhos são aqueles que, estando ao pé de nós, parecem nunca perceber o que se passa connosco.
Eduardo de Sá (noticias magazine)
Estranhos não são as pessoas que não se conhecem: estranhos são aqueles que, estando ao pé de nós, parecem nunca perceber o que se passa connosco.
Eduardo de Sá (noticias magazine)
domingo, fevereiro 27, 2005
Mar adentro
Acabo de ver o filme... e é capaz de arrancar óscars, meritóriamente. Se pudesse via a tv mas vou-me levantar cedo. É interessante como, com o tema da eutanásia, toca ao de leve em $1000 000 baby. Cinematográficamente, nuestros hermanos tem uma consistência admirável...
Não podendo suportar o amor, a Igreja quis ao menos desinfectá-lo, e então fez o casamento
Charles Baudelaire
Charles Baudelaire
A verdade de um homem é em primeiro lugar aquilo que ele esconde
André Malraux
À minha volta, reprovava-se a mentira, mas fugia-se cuidadosamente da verdade
Simone de Beauvoir
André Malraux
À minha volta, reprovava-se a mentira, mas fugia-se cuidadosamente da verdade
Simone de Beauvoir
o tempo e a vaidade
Olhamos para o tempo passado com saudade, para o presente com desprezo, e para o futuro com esperança: do passado nunca se diz mal; do presente continuamente nos queixamos, e sempre apetecemos que o futuro chegue: o passado parece-nos que não foi mais do que um instante; o presente apenas (mal) o sentimos; e julgamos que o futuro está ainda mui distante. Para dizermos bem do tempo, é necessário que ele tenha passado, e para que o desejemos é preciso considerá-lo longe. A vaidade faz-nos olhar para o tempo, que passou, com indiferença, porque já nele fica sem acção; faz-nos ver o presente com desprezo, porque nunca vive satisfeita; e faz-nos contemplar o futuro com esperança, porque sempre se funda no que há-de vir; e assim só estimamos o que já não temos; fazemos pouco caso do que possuímos; e cuidamos no que não sabemos se teremos.
Matias Aires, in 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'
Matias Aires, in 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'
life, oh life
Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar,para atravessar o rio da vida - ninguém, excepto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números,e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso custar-te-ia a tua própria pessoa; hipotecar-te-ias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o
Nietzsche
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o
Nietzsche
prazer
O prazer que tu esperas varia na razão inversa do tempo de o esperares. E da inquietação também. Porque quanto mais esperas e te inquietas, menos prazer ele é. Espera-o no infinito para te não inquietares. E que ele seja depois o prazer que for.
Mas o contrário também é verdadeiro.
Vergílio Ferreira, in 'Pensar'
Mas o contrário também é verdadeiro.
Vergílio Ferreira, in 'Pensar'
sábado, fevereiro 26, 2005
auto estima
As pessoas só reconhecem as suas qualidades quando alguém lhas desvenda e esclarece, e só confiam nelas quando há quem, antes, tenha confiado.
O desejo de sermos adorados sucede quando nos sentimos mal-amados
A mais obstinada teimosia parece ser um atributo de auto-estima «no sítio» quando, no fundo, as pessoas só são convencidas ou teimosas quando confiam pouco no que valem para os outros.
Eduardo Sá
Notícias Magazine (DN)
O desejo de sermos adorados sucede quando nos sentimos mal-amados
A mais obstinada teimosia parece ser um atributo de auto-estima «no sítio» quando, no fundo, as pessoas só são convencidas ou teimosas quando confiam pouco no que valem para os outros.
Eduardo Sá
Notícias Magazine (DN)
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Clint Eastwood não pára de nos surpreender, agora com o seu último filme, no qual actua, e o qual realiza e produz... não há palavras (como vem sendo hábito) . O homem é mesmo como o vinho do Porto. Hilary Swank? no comments... acho que os òscares já estão determinados.
a $1000 000 baby
a $1000 000 baby
A Verdade e o Erro
A verdade contradiz a nossa natureza; o erro não. A razão disso é simples: a verdade impõe-nos o dever de reconhecer a nossa limitação, ao passo que o erro nos lisonjeia dando-nos a entender que, de uma forma ou de outra, não estamos sujeitos a limites.
Qualquer pessoa gosta do falso, do absurdo, pois ele opera pela insinuação. Mas não do verdadeiro, do que é sólido, já que este opera pela exclusão.
Para os fracos é quase sempre mais cómodo o falso, o erro.
O que é verdadeiro estimula. Nada se pode desenvolver com base no erro, porque o erro limita-se a envolver-nos no erro.
É muito mais fácil verificar o erro do que encontrar a verdade. O erro está à superfície, e com isso podemos nós bem. A verdade repousa nas profundidades, e não é qualquer um que se pode lançar à investigação nessas regiões.
Goethe, in 'Máximas e Reflexões'
Qualquer pessoa gosta do falso, do absurdo, pois ele opera pela insinuação. Mas não do verdadeiro, do que é sólido, já que este opera pela exclusão.
Para os fracos é quase sempre mais cómodo o falso, o erro.
O que é verdadeiro estimula. Nada se pode desenvolver com base no erro, porque o erro limita-se a envolver-nos no erro.
É muito mais fácil verificar o erro do que encontrar a verdade. O erro está à superfície, e com isso podemos nós bem. A verdade repousa nas profundidades, e não é qualquer um que se pode lançar à investigação nessas regiões.
Goethe, in 'Máximas e Reflexões'
Apto e Inapto, Verdade e Mentira
A duração, seja os séculos para as civilizações, seja os anos e as dezenas de anos para o indivíduo, tem uma função darwiniana de eliminação do inapto. O que está apto para tudo é eterno. É apenas nisto que reside o valor daquilo a que chamamos a experiência. Mas a mentira é uma armadura com a qual o homem, muitas vezes, permite ao inapto que existe em si sobreviver aos acontecimentos que, sem essa armadura, o aniquilariam (bem como ao orgulho para sobreviver às humilhações), e esta armadura é como que segregada pelo inapto para prevenir uma situação de perigo (o orgulho, perante a humilhação, adensa a ilusão interior). Subsiste na alma uma espécie de fagocitose; tudo o que é ameaçado pelo tempo, para não morrer, segrega a mentira e, proporcionalmente, o perigo de morte. É por isso que não existe amor pela verdade sem uma admissão ilimitada da morte.
Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'
Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
O Tempo Torna Tudo Irreal
O tempo, propriamente dito, não existe (excepto o presente como limite), e, no entanto, estamos submetidos a ele. É esta a nossa condição. Estamos submetidos ao que não existe. Quer se trate da duração passivamente sofrida - dor física, esperança, desgosto, remorso, medo -, quer do tempo organizado - ordem, método, necessidade -, nos dois casos, aquilo a que estamos submetidos, não existe. Estamos, realmente, presos por correntes irreais. O tempo, irreal, cobre todas as coisas e até nós mesmos, de irrealidade.
Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'
Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'
terça-feira, fevereiro 22, 2005
O Dever Para Nós Próprios
Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos ou de arder com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são naturais. Os seus pecados, se é que existe tal coisa, são tomados de empréstimo. Torna-se o eco de uma música alheia, o actor de um papel que não foi escrito para ele. O objectivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam.
Oscar Wilde, in 'O Retrato de Dorian Gray'
Oscar Wilde, in 'O Retrato de Dorian Gray'
domingo, fevereiro 20, 2005
civilização imposta
É curioso como os homens, que tão mal sabem viver isolados, se sentem, no entanto, pesadamente oprimidos pelos sacrifícios que a civilização espera deles a fim de lhes possibilitar que vivam em comum.
(...) A civilização é coisa imposta a uma maioria recalcitrante por uma minoria que descobriu como apropriar-se dos meios de poder e coacção.
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'
(...) A civilização é coisa imposta a uma maioria recalcitrante por uma minoria que descobriu como apropriar-se dos meios de poder e coacção.
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'
sábado, fevereiro 19, 2005
memória
A memória cria-nos catálogos de medos que gerimos de forma tão desordenada quanto, ao mesmo tempo, certeira. O que hoje nos supreende devolve-nos bocados do passado afinal ainda em carne viva. Cada confronto com um qualquer horror é semelhante à sensação de ser abruptamente empurrado para trás.
Pedro Rolo Duarte
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
A Liberdade é a Possibilidade do Isolamento
És livre se podes afastar-te dos homens, sem que te obrigue a procurá-los a necessidade do dinheiro, ou a necessidade gregária, ou o amor, ou a glória, ou a curiosidade, que no silêncio e na solidão não podem ter alimento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo. Podes ter todas as grandezas do espírito, todas da alma: és um escravo nobre, ou um servo inteligente: não és livre.
E não está contigo a tragédia, porque a tragédia de nasceres assim não é contigo, mas do Destino para si somente. Ai de ti, porém, se a opressão da vida, ela própria, te força a seres escravo. Ai de ti, se, tendo nascido liberto, capaz de te bastares e de te separares, a penúria te força a conviveres. Essa sim, é a tua tragédia, e a que trazes contigo.
Nascer liberto é a maior grandeza do homem, o que faz o ermitão humilde superior aos reis, e aos deuses mesmo, que se bastam pela força, mas não pelo desprezo dela.
Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego'
E não está contigo a tragédia, porque a tragédia de nasceres assim não é contigo, mas do Destino para si somente. Ai de ti, porém, se a opressão da vida, ela própria, te força a seres escravo. Ai de ti, se, tendo nascido liberto, capaz de te bastares e de te separares, a penúria te força a conviveres. Essa sim, é a tua tragédia, e a que trazes contigo.
Nascer liberto é a maior grandeza do homem, o que faz o ermitão humilde superior aos reis, e aos deuses mesmo, que se bastam pela força, mas não pelo desprezo dela.
Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego'
Todos os Problemas se Dissiparam
(...) esta melancolia sombria, acumulada em mim por um pensamento constante, um pensamento muito acima do meu alcance: que tudo na vida não tem importância.
Sim, este pensamento ocupa-me há já muito tempo, mas a convicção completa só apareceu em mim, no ano passado. Tudo é sem importância, eis a verdade. Existirá o mundo? Ou não haverá nada em nenhuma parte? E tive a revelação de que não há nada à minha volta. Parecia-me, no entanto, que até essa altura estive rodeado por seres estranhos a mim, mas compreendi que eram aparências infrutíferas. Nada existiu, nada existe, nada existirá. Deixei logo de me irritar com os outros e de me ocupar deles. Palavra! Até chocava com os transeuntes, de tão alheado que estava. Contudo, alheado por quê? Tinha deixado de pensar. Tudo me era indiferente. Ainda se eu procurasse resolver os grandes problemas! Eu não resolvia nada, os problemas bloqueavam-me em vão; tudo se tornou para mim sem importância, e todos os problemas se dissiparam.
Fiodor Dostoievski, in 'O Sonho de um Homem Ridículo'
Sim, este pensamento ocupa-me há já muito tempo, mas a convicção completa só apareceu em mim, no ano passado. Tudo é sem importância, eis a verdade. Existirá o mundo? Ou não haverá nada em nenhuma parte? E tive a revelação de que não há nada à minha volta. Parecia-me, no entanto, que até essa altura estive rodeado por seres estranhos a mim, mas compreendi que eram aparências infrutíferas. Nada existiu, nada existe, nada existirá. Deixei logo de me irritar com os outros e de me ocupar deles. Palavra! Até chocava com os transeuntes, de tão alheado que estava. Contudo, alheado por quê? Tinha deixado de pensar. Tudo me era indiferente. Ainda se eu procurasse resolver os grandes problemas! Eu não resolvia nada, os problemas bloqueavam-me em vão; tudo se tornou para mim sem importância, e todos os problemas se dissiparam.
Fiodor Dostoievski, in 'O Sonho de um Homem Ridículo'
A Moda
As variações da sensibilidade sob a influência das modificações do meio, das necessidades, das preocupações, etc., criam um espírito público que varia de uma geração para outra e mesmo muitas vezes no espaço de uma geração. Esse espírito publico, rapidamente dilatado por contacto mental, determina o que se chama a moda. Ela é um possante factor de propagação da maior parte dos elementos da vida social, das nossas opiniões e das nossas crenças.
Não é só o vestuário que se submete às suas vontades. O teatro, a literatura, a política, a arte, as próprias idéias científicas lhe obedecem, e é por isso que certas obras apresentam um fundo de semelhança que permite falar do estilo de uma época.
Em virtude da sua acção inconsciente, submetemo-nos à moda sem que o percebamos. Os espíritos mais independentes a ela não se podem subtrair. São muito raros os artistas, os escritores que ousam produzir uma obra muito diferente das ideias do dia.
A influência da moda é tão pujante que ela obriga-nos, por vezes, a admirar coisas sem interesse e que parecerão mesmo de uma fealdade extrema, alguns anos mais tarde. O que nos impressiona numa obra de arte é muito raramente a obra em si mesma, porém a ideia que os outros formam dela, e isso explica por que o seu valor comercial sofre enormes mudanças.
Vê-se, muitas vezes, a moda impor coisas inverossímeis e manifestar-se em coisas tão abstratas e, aliás, tão ilusórias, como a criação de uma língua, a reforma da ortografia, etc.
Gustave Le Bon, in 'As Opiniões e as Crenças'
Não é só o vestuário que se submete às suas vontades. O teatro, a literatura, a política, a arte, as próprias idéias científicas lhe obedecem, e é por isso que certas obras apresentam um fundo de semelhança que permite falar do estilo de uma época.
Em virtude da sua acção inconsciente, submetemo-nos à moda sem que o percebamos. Os espíritos mais independentes a ela não se podem subtrair. São muito raros os artistas, os escritores que ousam produzir uma obra muito diferente das ideias do dia.
A influência da moda é tão pujante que ela obriga-nos, por vezes, a admirar coisas sem interesse e que parecerão mesmo de uma fealdade extrema, alguns anos mais tarde. O que nos impressiona numa obra de arte é muito raramente a obra em si mesma, porém a ideia que os outros formam dela, e isso explica por que o seu valor comercial sofre enormes mudanças.
Vê-se, muitas vezes, a moda impor coisas inverossímeis e manifestar-se em coisas tão abstratas e, aliás, tão ilusórias, como a criação de uma língua, a reforma da ortografia, etc.
Gustave Le Bon, in 'As Opiniões e as Crenças'
Religião Emocional
Os dirigentes das religiões bem sucedidas nunca, pode−se realmente dizer, dispensaram de todo as armas fisiológicas nas suas tentativas de conferir graça espiritual aos seus semelhantes. Jejum, castigo da carne por flagelação ou desconforto físico, regulação da respiração, revelação de mistérios terríveis, toque de tambor, danças, cantos, provocação de medo, pânico, iluminação fantástica ou gloriosa, incenso, drogas inebriantes – esses são apenas alguns dos inúmeros métodos empregados para modificar a função cerebral normal em propósitos religiosos. Algumas seitas prestam mais atenção que outras à estimulação de emoções como meio de afectar o sistema nervoso superior; mas poucas a desprezam inteiramente.
William Sargant, in 'A Luta Pela Mente'
William Sargant, in 'A Luta Pela Mente'
quinta-feira, fevereiro 17, 2005
terça-feira, fevereiro 15, 2005
O prazer sexual (o mais forte que o ser humano sente) depende fundamentalmente das sensações tácteis, concretamente da excitação controlada de certas zonas epidérmicas que estão cobertas com os corpúsculos de Krauze, eles próprios ligados a neurónios capazes de desencadear no hipotálamo uma forte libertação de endorfinas- a este sistema simples veio sobrepor-se, no neo-córtex, graças a uma sucessão de gerações culturais, uma construção mental mais rica baseada nas fantasias e (sobretudo nas mulheres) no amor
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Dimensões
(quase) Todos dizemos mal da escuridão em que nos encontramos. Há velas, mais ou menos proeminentes, que corajosamente têm sido acesas (os textos de baixo, o apontam), mas o que é facto, é que continuamos como ab inicio- dizêmo-nos vitimas das circunstâncias, sempre a reivindicar mais luz...
A espécie humana acabará por desaparecer do universo (dimensão que concebe) e os seus gritos lancinantes, ecoarão ainda para lá da sua presença ingénua neste estado de coisas- o universo é agreste e a exiguidade humana atesta a disfunção da moral que inventou para lhe fazer frente.
foto google
A espécie humana acabará por desaparecer do universo (dimensão que concebe) e os seus gritos lancinantes, ecoarão ainda para lá da sua presença ingénua neste estado de coisas- o universo é agreste e a exiguidade humana atesta a disfunção da moral que inventou para lhe fazer frente.
foto google
Sociedade Cara e Primitiva
Podemos dizer sem contemplações à sociedade que aquilo a que ela chama a sua moral custa mais sacrifícios do que o que vale, e que os seus modos de proceder são falhos tanto de sinceridade como de sabedoria.
(...) Dir-se-ia que basta um grande número, que milhões de homens se encontrem reunidos, para que todas as aquisições morais dos indivíduos que os compõem se desvaneçam por completo e não restem já em seu lugar senão as atitudes psíquicas mais primitivas, mais antigas, mais brutais.
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'
(...) Dir-se-ia que basta um grande número, que milhões de homens se encontrem reunidos, para que todas as aquisições morais dos indivíduos que os compõem se desvaneçam por completo e não restem já em seu lugar senão as atitudes psíquicas mais primitivas, mais antigas, mais brutais.
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'
sábado, fevereiro 12, 2005
morbosidades
A cabeça lateja...
O peito arqueja de dor...
O dorso lancina em reflexos nevralgicos...
Os flancos fremem cada vez que encho o peito...
Há um peso nos bronquios que desagua na garganta em dolorosos redemoinhos...
Arrepios e calafrios que me ouriçam a pele dos membros, das costas, da cabeça...
Estou em presença duma gripe... em toda a sua saudável pujança... dá-me febre, como que a lembrar-me que devia estar na cama...
O peito arqueja de dor...
O dorso lancina em reflexos nevralgicos...
Os flancos fremem cada vez que encho o peito...
Há um peso nos bronquios que desagua na garganta em dolorosos redemoinhos...
Arrepios e calafrios que me ouriçam a pele dos membros, das costas, da cabeça...
Estou em presença duma gripe... em toda a sua saudável pujança... dá-me febre, como que a lembrar-me que devia estar na cama...
sexta-feira, fevereiro 11, 2005
Vi este filme em Outubro ido... decepcionou-me um pouco, ou então fora a critica que me subira as expectativas... a elasticidade temporal, feita de sinopses e avanços até 2046, a bordo de um comboio que evoluia entre cenários de computador... "Blade Runner" foi mais sóbrio, apesar da semelhança ficar-se apenas pela coincidência futuristica. Salvou o filme o close-up feito vezes sem conta, de rostos expressivos, como que a apontar para um determinismo oriental, corporativisado por Gueixas e Meretrizes e "vassalagem" de sexo remunerado por um solitário,(num tipo de yo-yo temporal)
Porquê "2046" em fita de etiqueta Dymo?
quinta-feira, fevereiro 10, 2005
inveja
A inveja patológica demonstra o desejo de posse de algo, só existente pelo sentido de ausência, de perda,
em que o bom é projectado para o que é do outro, sendo o mau posto por inteiro no próprio. A inveja pressupõe
então um desejo de posse para a aniquilação ou destruição do que é invejado e, segundo interpretações da
psicologia clássica, pode ser lida como uma forma de expressão da pulsão de morte, uma vez que a sua existência
em larga escala não amplia, não transforma, não elabora nada da própria pessoa ou dos outros: apenas se apropria
e extingue.
Pedro Strecht in Público
foto de Marta Gonçalves
Sem Direcção
O Poder público tem sido sempre assim, quando exercido directamene pelas massas: omnipotente e efémero. O homem-massa é o homem cuja vida carece de plano e vai à deriva. Por isso não constrói nada, embora as suas possibilidades, os seus poderes, sejam enormes.
Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'
Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'
A vida em Comum
A vida em comum seria impossível aos homens se o interesse especial e momentâneo do indivíduo não se inclinasse ante o interesse geral e permanente de um grupo, mas o problema é obter de cada grupo político e social o que se exige do indivíduo, quer dizer, a subordinação voluntária ao interesse geral e permanente da nação ou da economia, e de cada nação o que se exige do grupo, isto é, subordinação voluntária ao interesse geral e permanente da Humanidade.
Léon Blum, in 'À Escala Humana'
Léon Blum, in 'À Escala Humana'
Sociedade Espectaculo
A sociedade que repousa sobre a indústria moderna não é fortuitamente ou superficialmente espectacular, ela é fundamentalmente espectaculista. No espectáculo da imagem da economia reinante, o fim não é nada, o desenvolvimento é tudo. O espectáculo não quer chegar a outra coisa senão a si mesmo.
Na forma do indispensável adorno dos objectos hoje produzidos, na forma da exposição geral da racionalidade do sistema, e na forma de sector económico avançado que modela directamente uma multidão crescente de imagens-objectos, o espectáculo é a principal produção da sociedade actual.
Guy Debord, in 'A Sociedade do Espectáculo'
Na forma do indispensável adorno dos objectos hoje produzidos, na forma da exposição geral da racionalidade do sistema, e na forma de sector económico avançado que modela directamente uma multidão crescente de imagens-objectos, o espectáculo é a principal produção da sociedade actual.
Guy Debord, in 'A Sociedade do Espectáculo'
Fragmento do Homem
Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor. Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria. A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros. Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras.
Eugénio de Andrade, in 'Os Afluentes do Silêncio'
Eugénio de Andrade, in 'Os Afluentes do Silêncio'
O Esmagamento do EU
O espectáculo (da sociedade de consumo) que é a extinção dos limites do eu e do mundo pelo esmagamento do eu que a presença-ausência do mundo assedia, é igualmente a supressão dos limites do verdadeiro e do falso pelo recalcamento de toda a verdade vivida sob a presença real da falsidade que a organização da aparência assegura. Aquele que sofre passivamente a sua sorte quotidianamente estranha é, pois, levado a uma loucura que reage ilusoriamente a essa sorte, ao recorrer a técnicas mágicas. O reconhecimento e o consumo das mercadorias estão no centro desta pseudo-resposta a uma comunicação sem resposta. A necessidade de imitação que o consumidor sente é precisamente uma necessidade infantil, condicionada por todos os aspectos da sua despossessão fundamental.
Guy Debord, in 'A Sociedade do Espectáculo'
Guy Debord, in 'A Sociedade do Espectáculo'
São duas da manhã... ou perto. O ruido surdo do computador fura-me os timpanos, tal é o silêncio em redor. Estive a confraternizar até há pouco, e se calhar é por isso que a cabeça é feita de coisa nenhuma. Fecho os olhos e atrás da córnea, dou por milhentos ecos luminosos que parecem um fogo de artificio que ilumina a pulsação do meu coração... falou-se de experiências near-death, sendo que me deram este link para consulta.... pronto, lá vem a relativização deste estado de coisas, mais uma vez...
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
Naif...?
"... a Sociedade está constituída sobre uma base injusta, que em vez de servir para o melhoramento das condições de todos, serve só para o engradecimento de alguns poucos, à custa do maior número. O princípio falso do egoísmo preside por toda a parte às relações sociais dos homens, em vez do santo princípio da fraternidade..."
Antero
Antero
terça-feira, fevereiro 08, 2005
Forma/ conteúdo
Às vezes o homem repudia a mulher, ou a mulher muda de amante, por se ter desiludido. Consequências do comportamento leviano quer de um quer do outro. Porque só é possível amar através da mulher e não a mulher. Através do poema e não o poema. Através da paisagem entrevista do alto das montanhas. E a licenciosidade nasce da angústia de não se conseguir ser. Quando uma pessoa anda com insónias, volta-se e torna-se a voltar na cama, à procura do fresco ombro do leito. Mas basta tocá-lo, para ele se tornar tépido e recusar-se. E ele procura noutro sítio uma fonte durável de frescura. Mas não consegue dar com ela, porque mal lhe toca a provisão esvai-se.
O mesmo se passa com aquele ou com aquela que se fica no vazio dos seres. Não passam de vazios os seres que não são janelas ou frestas para Deus. É por isso que, no amor vulgar, só amas o que te foge. De outra maneira, vês-te saciado e descoroçoado com a tua satisfação.
Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela'
Parecemos estar hoje animados quase exclusivamente pelo medo. Receamos até aquilo que é bom, aquilo que é saudável, aquilo que é alegre. E o que é o herói? Antes de mais, alguém que venceu os seus medos. É possível ser-se herói em qualquer campo; nunca deixamos de reconhecer um herói quando este aparece. A sua virtude singular é o facto de ele ser um só com a vida, um só consigo próprio. Tendo deixado de duvidar e de interrogar, acelera o curso e o ritmo da vida. O cobarde, par contre, procura deter o fluxo da vida. E claro que não detém nada, a menos que se detenha a si próprio. A vida continua sempre a avançar, quer nos portemos como cobardes, quer nos portemos como heróis. A vida não impõe outra disciplina - se ao menos o soubéssemos compreender! - para além de a aceitarmos tal como é. Tudo aquilo a que fechamos os olhos, tudo aquilo de que fugimos, tudo aquilo que negamos, denegrimos ou desprezamos, acaba por contribuir para nos derrotar. O que nos parece sórdido, doloroso, mau, poderá tornar-se numa fonte de beleza, alegria e força, se o enfrentarmos com largueza de espírito. Todos os momentos são momentos de ouro para os que têm a capacidade de os ver como tais. A vida é agora, são todos os momentos, mesmo que o mundo esteja cheio de morte. A morte só triunfa ao serviço da vida.
Henry Miller, in 'O Mundo do Sexo'
Muralha...
Não tenhas medo do passado. Se as pessoas te disserem que ele é irrevogável, não acredites nelas. O passado, o presente e o futuro não são mais do que um momento na perspectiva de Deus, a perspectiva na qual deveríamos tentar viver. O tempo e o espaço, a sucessão e a extensão, são meras condições acidentais do pensamento. A imaginação pode transcendê-las, e mais, numa esfera livre de existências ideais. Também as coisas são na sua essência aquilo em que decidimos torná-las. Uma coisa é segundo o modo como olhamos para ela.
Oscar Wilde, in 'De Profundis'
Freud
Civilização de Hipócritas
Existem infinitamente mais homens que aceitam a civilização como hipócritas do que homens verdadeiramente e realmente civilizados, e é lícito até perguntarmo-nos se um certo grau de hipocrisia não será necessário à manutenção e à conservação da civilização, dado o reduzido número de homens nos quais a tendência para a vida civilizada se tornou uma propriedade orgânica.
Evitar o Sofrimento
Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é o que faz de nós seres tão refinados. Porque é que não nos embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer.
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'
Existem infinitamente mais homens que aceitam a civilização como hipócritas do que homens verdadeiramente e realmente civilizados, e é lícito até perguntarmo-nos se um certo grau de hipocrisia não será necessário à manutenção e à conservação da civilização, dado o reduzido número de homens nos quais a tendência para a vida civilizada se tornou uma propriedade orgânica.
Evitar o Sofrimento
Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é o que faz de nós seres tão refinados. Porque é que não nos embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer.
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'
Vacuidades
Todas as pessoas devem ter experimentado a sensação desagradável que se tem nas estações de caminho de ferro. Vamos despedir-nos de alguém. A pessoa já entrou no comboio, mas ele demora a partir. Ali ficam as duas pessoas, uma na plataforma e a outra à janela, esforçando-se por conversar, mas de repente não têm nada para dizer.
Isto, evidentemente, resulta de não podermos sentir o que queremos. A situação impõe-nos um determinado sentimento. E quem não experimentou aquele tremendo alívio quando o comboio finalmente parte?
Ou nos funerais. Quando alguém morre ou adoece, quando surgem as desilusões, espera-se sempre que sintamos determinadas coisas.
Em todas as situações, excepto as mais quotidianas, as mais neutras, há uma pressão que se exerce sobre nós, que nos dita a forma como devemos conduzir-nos, aquilo que devemos sentir, E se examinarmos bem o fenómeno, verificamos, não raras vezes, que esses papéis nos são atribuídos por romances, filmes ou peças de teatro que vimos há muito tempo.
Quando somos realmente confrontados com situações invulgares (por exemplo, rivalidades que prevíamos e não se verificam, e em vez disso se transformam num amor que nos deixa sós), a primeira coisa a que nos agarramos são esses padrões sentimentais livrescos.
Não nos ajudam muito. Deixam-nos mais sós do que antes - e caímos, desamparados, na realidade.
Lars Gustafsson, in 'A Morte de um Apicultor'
Isto, evidentemente, resulta de não podermos sentir o que queremos. A situação impõe-nos um determinado sentimento. E quem não experimentou aquele tremendo alívio quando o comboio finalmente parte?
Ou nos funerais. Quando alguém morre ou adoece, quando surgem as desilusões, espera-se sempre que sintamos determinadas coisas.
Em todas as situações, excepto as mais quotidianas, as mais neutras, há uma pressão que se exerce sobre nós, que nos dita a forma como devemos conduzir-nos, aquilo que devemos sentir, E se examinarmos bem o fenómeno, verificamos, não raras vezes, que esses papéis nos são atribuídos por romances, filmes ou peças de teatro que vimos há muito tempo.
Quando somos realmente confrontados com situações invulgares (por exemplo, rivalidades que prevíamos e não se verificam, e em vez disso se transformam num amor que nos deixa sós), a primeira coisa a que nos agarramos são esses padrões sentimentais livrescos.
Não nos ajudam muito. Deixam-nos mais sós do que antes - e caímos, desamparados, na realidade.
Lars Gustafsson, in 'A Morte de um Apicultor'
Aproveitar...
Actualmente são as pessoas que afirmam não conseguir lidar com a perda que mais facilmente se mostram ciumentas. Por oposição, aqueles que aceitam que existe sempre a possibilidade de perdermos aquilo que consideramos precioso e que sabem que tudo é efémero, tendem a tirar melhor partido daquilo que vivem no presente: valorizam a relação, minoram as dificuldades, trabalham em equipa e aprendem com os outros.
Catarina Mexia (XIS- Público)
Catarina Mexia (XIS- Público)
domingo, fevereiro 06, 2005
Nas épocas revolucionárias, aqueles que se atribuem, com tão estranho orgulho, o mérito fácil de terem provocado nos seus contemporâneos a explosão das paixões anárquicas não se apercebem de que o seu deplorável triunfo aparente se deve a uma disposição espontânea, criada pelo conjunto da situação social correspondente. Augusto Comte
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
wnII
wn
a arquitectura determina o sentido da estética, ou seja, é por ela que vejo incorporado todo o vibrar de uma época no que toca a representações de índole vária...
a estética, como determinismo do apurar de conceitos é projectada assim nas linhas do que serve de albergue, no meio desta vivência urbana, algo que raramente serve de reflexão.
adoro as formas rectas da arquitectura, pela sua simplicidade, na sua conjugação, pelos efeitos que se alcançam pelo seu paralelismo, pela perpendicularidade, pela racionalidade, funcionalismo e sobretudo pelo bom senso.
A cor... bem, a cor acaba com o equilibrio, a racionalidade, a frieza matemática- perante a cor, quando muito, podemos conjugar tons, mas a coexistencia deixa de ser pacífica entre si na medida em que a miriade de gostos individuais dispersa uma suposta unicidade, alcançada doutro modo, pela rigidez linear. Alcança-se assim como que um estado mental, na abordagem deste tema, muito similar ao estado de paixão e devaneio
sábado, janeiro 29, 2005
Parece-me
A democracia vai ser novamente activada no mês que vem... vamos aproveitar esta deixa que institucionalmente nos é legada para continuarmos no desencanto do sistema que está despudoradamente viciado ??
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